O Leite da mãe é o suficiente?

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Jussara Corrêa

Os mamíferos como classe de animais, caracterizam pela presença de glândulas mamárias nas fêmeas, que produzem leite para alimentação dos filhotes, ou de suas crias.

Assim é a mulher, como pertencente à classe dos mamíferos, está fisiologicamente preparada para alimentar os seus filhotes através da produção de leite, sem que as suas crias tenham necessidade de qualquer outro alimento até pelo menos aos 6 meses de vida, isto mesmo que existam dois filhotes (gêmeos), na media em que se possuímos duas glândulas mamárias somos capazes de alimentar duas crias.

A mulher, em termos fisiológicos em nada difere das suas congéneres na natureza, como a macaca, a leoa ou a gatinha…todas elas produzem leite suficiente para o número de crias que têm, e o problema apenas se coloca quando por um mero acaso da natureza têm um número de crias superior ao número de glândulas mamárias, por exemplo no caso da mulher o problema poderia surgir quando existem trigêmeos.

Embora constatemos que na Mãe Natureza tudo funciona corretamente, ou seja, as fêmeas alimentam os seus filhos até que eles tenham capacidade para digerir ouros alimentos, o mesmo não acontece com o Ser Humano. A Organização Mundial de Saúde (OMS) preconiza a amamentação exclusiva até aos 6 meses e complementar até aos 2 anos ou mais.

A maioria das mães deseja amamentar o seu bebê e efetivamente inicia esta prática (mais de 90% das mulheres iniciam a amamentação), no entanto, apenas 34% ainda amamenta aos 6 meses e ao ano de vida da criança apenas 16% (dados de 2003).

Vários estudos internacionais mostram que 50% das crianças deixam de ser amamentadas no 1º ou 2º mês de vida; assim podemos certamente concluir que o retorno da mulher ao trabalho não será o fator que mais condiciona a prevalência do aleitamento materno.

Segundo a OMS / UNICEF, um dos mais importantes motivos para o desmame precoce é uma falta de informação generalizada do conhecimento da fisiologia da lactação e que a maioria das mães não sabe, efetivamente, que pode amamentar e produzir leite suficiente para alimentar o seu filho. São inúmeros os benefícios da amamentação para a mulher, para saúde imediata e futura de cada criança, família e até mesmo para a sociedade e meio ambiente.

Aos profissionais de saúde cabe informar e apoiar o aleitamento materno.

Fisiologicamente, a mulher está preparada para amamentar e o bebê está preparado para mamar, não existem leites fracos nem produção inferior às necessidades do bebê, desde que o bebê seja amamentado em horário livre – sempre que quiser, durante quanto tempo quiser.

Claro que podem surgir dificuldades físicas inerentes à mãe ou ao bebé que dificultem o aleitamento, como dificuldades na execução da técnica de amamentação (e consequentemente má pega), bebê doente ou sonolento (por exemplo por efeitos de medicamentos analgésicos administrados à mãe durante o trabalho de parto) ou outras, cabe aos profissionais de saúde ajudar e apoiar, reforçando que não está em causa a qualidade do leite, apenas são necessários alguns ajustes e persistência.

O bebê pode mamar 12 vezes ou mais em 24 horas, o que dá em média intervalos de 2 horas, no entanto, se o bebê faz alguns intervalos de 3 horas ou mais, é provável que outros sejam inferiores a 2 horas, o que é normal e saudável. Também, no que diz respeito à duração da mamada, o bebê tanto pode mamar 3 ou 4 minutos como mamar 1 hora ou mais, todas as mamadas vão diferir entre elas.

Todos nós temos dias em que temos mais forme e efetivamente ingerimos maior quantidade de alimentos, assim, é normal que o bebê tenha dias em que vai querer mamar quase de hora em hora e no dia seguinte provavelmente está 4 horas ou mais sem mamar. As suas necessidades vão refletir o seu ritmo de crescimento, e portanto, estes dias de “fome” durante o primeiro mês de vida serão mais frequentes (aos 2/3 dias, 8 dias, 15 dias e 1 mês) e depois será provável que mensalmente até aos 6 meses e aos 9 e 12 meses se voltem a repetir.

Estas etapas são nada mais, nada menos, que as alturas em normalmente a mãe decide “experimentar” um leite artificial porque acha que o seu bebê tem fome. O que a mãe sente não deixa de ser verdade, efetivamente o bebê nesses dias parece esfomeado, no entanto a solução, caso a mãe pretenda continuar a amamentar, não é introduzir um leite artificial, mas sim alimentar o bebê quantas vezes for necessário e rapidamente tudo voltará seu ritmo normal. As glândulas mamárias, estão preparadas para produzir leite por ação hormonal despoletada pela estimulação quando o bebê suga, por isso, a mama produzirá tanto mais leite quanto mais o bebê sugar.

A mama não é um reservatório, tipo biberão, que se enche e esvazia, é uma glândula em constante produção enquanto o bebê mama. Portanto, não existe justificação fisiológica para que a mãe deixe de ter leite, o mais comum é que primeiro a mãe decide ou é induzida a introduzir um leite artificial, e assim cada dia que passa vai dando menos vezes e menos tempo a mama ao bebé, até que normalmente, 2 a 3 semanas após a introdução do novo leite a mãe deixa definitivamente de amamentar, referindo posteriormente que o motivo pelo qual deixou de amamentar foi a não produção do leite.

Assim, toda a mulher que pretenda amamentar o seu bebê deve procurar toda a informação necessária sobre a amamentação durante a gravidez, e após o nascimento, caso surjam dúvidas procurar aconselhamento profissional antes de tomar a decisão de introduzir um leite artificial.

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